Quinta, 15 Maio, 2025

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Saiba o que é o Culto do Evangelho no Lar

Saiba o que é o Culto do Evangelho no Lar
O que é o Culto do Evangelho no Lar?

O Culto do Evangelho no Lar, instituído por Jesus, na residência de Simão Pedro, em Cafarnaum, e recomendado constantemente pelos Espíritos Superiores, é uma necessidade urgente na época em que atravessamos, pois proporciona à criatura humana a bênção da libertação espiritual pelo esclarecimento e vivência da mensagem cristã.

É uma reunião espiritual, familiar, constituída de preces, leituras, e comentários, com base na Obra “O Evangelho Segundo o Espiritismo” de Allan Kardec.


Como fazer o culto

Para realizá-lo, a família deve escolher o dia da semana e a hora mais conveniente ao seu recolhimento. Crianças também podem fazer parte da runião. No dia e horário fixados, reúnem-se os participantes em torno da mesa, iniciando-se o trabalho com uma leitura de preparação de ambiente, podendo-se utilizar diversas obras, tais como: Vinha de Luz, Fonte Viva, Pão Nosso, Jesus no Lar, etc.

Em seguida, realiza-se uma prece. Segue-se a leitura de uma parte da Obra “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Alan Kardec. Comentam-se, a seguir, as lições ouvidas, em clima permanente de entendimento fraterno. Encerrados os comentários, são feitas as preces pelos necessitados em geral (sofredores, inimigos, etc.).

Finalmente, ergue-se ao Pai uma prece de gratidão pela assistência recebida dos Espíritos Benfeitores, encerrando-se, assim, o trabalho, cuja duração pode ser de vinte a sessenta minutos.

Pode ocorrer a presença de visitantes ocasionais e, neste caso, podem ser convidados a participar; caso não sejam espíritas, devem ser esclarecidos sobre a finalidade da reunião. Há inclusive a possibilidade da reunião ser realizada por uma só pessoa – o roteiro a ser seguido é o mesmo.


Finalidade e importância:

• Estudar o Evangelho de Jesus possibilita compreender os ensinamentos cristãos, cuja prática nos conduz ao aprimoramento moral.

• Evangelizar a família, a sociedade, a nação, a Terra inteira.

• Criar em todos os lares o hábito de se reunir em família, para despertar e acentuar nos familiares o sentimento de fraternidade.

• Pelo momento de paz que o Evangelho proporciona ao Lar, pela união das criaturas, propiciando a cada um uma vivência tranquila e equilibrada, sob a inspiração de Jesus.

• Higienizar o Lar por pensamentos e sentimentos elevados e pela reforma moral e favorecer a influência dos Mensageiros do Bem.

• Facilitar no Lar e fora dele o amparo necessário diante das dificuldades materiais e espirituais, mantendo operantes os princípios da vigilância e da oração, facilitando o trabalho protetor dos Espíritos Benfeitores.

• Elevar o padrão vibratório dos componentes do Lar e contribuir com o Plano Espiritual na obtenção de um mundo melhor.

• Tornar o Evangelho conhecido, compreendido, sentido e exemplificado em todos os ambientes.

• Amparar, esclarecer e libertar da ignorância, da maldade e das ilusões os espíritos encarnados e desencarnados (sofredores, zombeteiros, obsessores, etc.).


Resumo para a Realização do Culto

1. Realizar leituras de preparo de ambiente, sendo recomendadas as seguintes obras: Vinha de Luz, Fonte Viva, Pão Nosso, Jesus no Lar, Agenda Cristã, Boa Nova, Luz no Lar, etc.

2. Prece de Abertura.

3. Leitura Evangélica (obra básica: “O Evangelho Segundo o Espiritismo”).

4. Comentários sobre a leitura.

5. Preces e pedidos diversos (para os que sofrem, para os inimigos, para a humanidade, etc.).

6. Prece de Agradecimento e Encerramento.


Livros recomendados:

O livro básico e indicado é O Evangelho Segundo o Espiritismo (Allan Kardec)

Livros recomendados: Caminho, Verdade e Vida, Pão Nosso, Fonte Viva, Vinha de Luz (Emmanuel); Agenda Cristã (André Luiz); Jesus no Lar - Alvorada Cristã (Neio Lúcio); Luz no Lar (Autores diversos); Deus Aguarda - Evangelho em Casa (Meimei); Messe de Amor (Joanna de Ângelis) e outros de conteúdos semelhantes.


A importância do Lar, na educação moral

É, no lar que os Espíritos se reencontram, sob o mesmo teto, na condição de pais, filhos e irmãos; nesse ambiente, são oferecidas as oportunidades de novo aprendizado moral, possibilitando aos reencarnados exercitarem-se no campo afetivo, desenvolvendo a fraternidade, a solidariedade, enfim, os sentimentos derivados do amor.

Assim, a função educadora e regeneradora da família é extremamente delicada e importante, quando se atribui à reencarnação a oportunidade de ascensão na escala evolutiva, através de novas experiências, no campo intelectual e moral.

Coerente com essa visão, afirma Emmanuel:* “A melhor escola, ainda é o lar, onde a criatura deve receber as bases do sentimento e do caráter”.

Emmanuel
*Psicografia de Francisco C. Xavier, O Consolador, questão 110, FEB.


Evangelho no lar

Trabalhemos pela implantação do Evangelho no Lar, quando estiver ao alcance de nossas possibilidades. A seara depende da sementeira.

Se a gleba sofre o descuido de quem lavra e prepara, se o arado jaz inerte e se o cultivador teme o serviço, a colheita será sempre desengano e necessidade, acentuando o desânimo e a inquietação.

É importante nos unamos todos no lançamento dos princípios cristãos no santuário doméstico.

Trazer as claridades da Boa Nova ao templo da família é aprimorar todos os valores que a experiência terrestre nos pode oferecer.

Não bastará entronizar as relíquias materiais que se reportem ao Divino Mestre, entre os adornos da edificação de pedra e cal, onde as almas se reúnem sob os laços da comunidade ou da atração afetiva. É necessário plasmar o ensinamento de Jesus na própria vida, adaptando-se-lhe o sentimento à beleza excelsa.

Evangelho no Lar é Cristo falando ao coração. Sustentando semelhante luz nas igrejas vivas do lar, teremos a existência transformada na direção do Infinito Bem.

O Céu, naturalmente, não nos reclama a sublimação de um dia para outro nem exige de nós, de imediato, as atitudes espetaculares dos heróis. O trabalho da evangelização é gradativo, paciente e perseverante. Quem recebe na inteligência a gota de luz da Revelação Cristã, cada dia ou cada semana transforma-se no entendimento e na ação, de maneira imperceptível.

Apaga-se nas almas felicitadas por essa bênção o fogo das paixões, e delas desaparecem os pruridos da irritação inútil que lhe situa o pensamento nos escuros resvaladouros do tempo perdido.

Enquanto isso ocorre, as criaturas despertam para a edificação espiritual com o serviço por norma constante de fé e caridade, nas devoluções a que se afeiçoam, de vez que compreendem, por fim, no Senhor, não apenas o Amigo Sublime que ampara e eleva, mas também o orientador que corrige e educa para a felicidade real e para o bem verdadeiro.

Auxiliemos a plantação do Cristianismo no santuário familiar, à luz da Doutrina Espírita, se desejamos efetivamente a sociedade aperfeiçoada no amanhã.

Em verdade, no campo vasto do mundo as estradas se bifurcam, mas é no lar que começam os fios dos destinos e nós sabemos que o homem na essência é o legislador da própria existência e o dispensador da paz ou da desesperação, da alegria ou da dor a si mesmo.

Apoiar semelhante realização, estendendo-se nos círculos das nossas amizades, oferecendo-lhe o nosso concurso ativo, na obra de regeneração dos espíritos na época atormentada que atravessamos, é obrigação que nos reaproximará do Mentor Divino, que começou o seu apostolado na Terra, não somente entre os doutores de Jerusalém, mas também nos júbilos caseiros da festa de Caná, quando, simbolicamente, transformou a água em vinho na consagração da paz familiar.

Que a Providência Divina nos fortaleça para prosseguirmos na tarefa de reconstrução do lar sobre os alicerces do Cristo, nosso Mestre e Senhor, dentro da qual cumpre-nos colaborar com as nossas melhores forças.

Bezerra de Menezes
Do livro “Temas da Vida”, psicografia de Francisco Cândido Xavier, Ed. CEU.

 

Projeto Saúde e Yoga para os frequentadores do CEAL

Projeto Saúde e Yoga para os frequentadores do CEAL.Projeto Saúde e Yoga para os frequentadores do CEAL.

Todos os sábados, das 7h às 8h.

Os praticantes terão que trazer seu tapetinho (yoga mat) e, se tiver, podem trazer almofada para uma prática confortável. "...nós não hesitamos particularmente em considerar o Yoga como sendo a benção mais preciosa que desceu dos céus do mundo da providência divina em nosso benefício na Terra, porque através do Yoga nós nos habilitamos para a preservação da nossa harmonia física e espiritual de um modo a poder cumprir com mais segurança e eficiência os ensinamentos de nosso senhor Jesus Cristo, de modo que consideramos o Yoga uma benção de Deus." Chico Xavier

Link do youtube com o Chico Xavier: https://www.youtube.com/watch?v=RxjoynuWY50

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Atendimento Fraterno e Tratamento Espiritual

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A reunião mediúnica, na qual os desencarnados “incorporados” são atendidos por um doutrinador - que preferimos chamá-lo de esclarecedor - ficou consagrada no Movimento Espírita como reunião de desobsessão, mas, na verdade, esse título não revela a extensão e a diversidade do serviço que se realiza nesse encontro semanal entre encarnados e desencarnados. Nele não são atendidos somente Espíritos obsessores conscientes ou não de sua atuação deletéria, mas, também, Espíritos sofredores em situações diversas, tais como os suicidas, os traumatizados pela desencarnação violenta, os acometidos de alienação mental, os que não se reconhecem “mortos”, os descrentes em Deus, os frustrados com os ensinamentos da religião que adotara na vida material, toxicômanos, desequilibrados sexuais e tantos outros.

O propósito, aqui não é examinar a propriedade do nome dessa reunião, mas analisar o que se passa com o Espírito após ser atendido pelo esclarecedor. Convém recordar com André Luiz que o espaço destinado à reunião de desobsessão entre quatro paredes “[...] guarda a importância de uma enfermaria, com recursos adjacentes da Espiritualidade Maior para tratamento e socorro das mentes desencarnadas, ainda conturbadas ou infelizes.” 1 Nesse ambiente, o desencarnado, após o diálogo fraterno com esclarecedor é, muitas vezes, convidado a fazer um tratamento oferecido pelos Espíritos que atuam na instituição, com a finalidade de fortalecer-lhe o moral para o recomeço de nova jornada em direção à Luz.

O Espírito Efigênio contribui com o nosso estudo informando que o Centro Espírita é um expressivo porto de auxílio, erigido à feição de pronto socorro e possui um vasto corpo de colaboradores composto de médicos, religiosos de várias crenças, médiuns espíritas desencarnados, magnetizadores, enfermeiros, guardas, padioleiros e outros prontos a servir, em nome do Cristo, aos desencarnados atendidos na instituição. 2 Somam-se com essa informação os inúmeros testemunhos dos Espíritos que são ouvidos em nossas reuniões, revelando a forma como encontraram o equilíbrio de que necessitavam, participando de estudos doutrinários, assistindo palestras, tomando passes e sendo amparados fraternalmente por um companheiro que lhe serviu de cireneu, pois os primeiros passos na reforma íntima são difíceis de serem dados.

A oportunidade de soerguimento oferecido pela equipe espiritual, dentro de um programa disciplinado e com objetivos definidos é consonante com a função do Centro Espírita que, “[...] revivendo o Cristianismo, é um lar de solidariedade humana, em que os irmãos mais fortes são apoio aos mais fracos e em que os mais felizes são trazidos ao amparo dos que gemem sob o infortúnio.” 3

A dinâmica do tratamento oferecido pelos nossos mentores, no plano invisível, a partir do atendimento dado na reunião de desobsessão, pode servir de modelo, mutatis mutandis, para um tratamento espiritual a ser adotado nas Casas Espíritas, no plano visível, para quem busca socorro no Atendimento ou Diálogo Fraterno, conforme se queira chamar. Após ouvir o irmão necessitado, o Atendente dar-lhe-á esclarecimentos à luz da Doutrina Espírita, para que encontre a consolação de que tanto necessita naquele momento e, em seguida, sem vender-lhe ilusão da solução instantânea dos seus males, mas sim, o alívio - conforme prometeu Jesus (Mt 11:28),  – propor-lhe-á um tratamento espiritual para fortalecê-lo na fé e na esperança para a conquista de melhores dias em sua vida.

No referido tratamento lhe serão solicitados procedimentos que irão se conjugar para que encontre o equilíbrio psíquico-espiritual, devendo, para isso:

a) adquirir o hábito de orar e de fazer a caridade;
b) identificar suas más tendências e combatê-las com perseverança;
c) limpar o seu coração, extirpando dele os ressentimentos e aprender a perdoar.

Para tanto, ser-lhe-á oferecido um roteiro escrito, ministrando-lhe estudo que favoreça o entendimento da dinâmica da vida, do porquê da dor; orientando-o na tomada de passes e de água fluidificada de maneira metódica; adotando a biblioterapia, fazendo leituras apropriadas; buscando formas práticas na vida diária para a manutenção do pensamento positivo e participação em palestras doutrinárias. Conforme o caso, propor-lhe-á a laborterapia, com a execução de tarefas na Casa, sempre condizentes com seu conhecimento e estado psíquico-espiritual. Tudo isso sem violentar-lhe o livre arbítrio e sem interferir nas suas crenças e hábitos. O Sol oferece luz a todos. Fica na sombra quem dele quiser se esconder. Dessa forma, aquele irmão, que antes se sentia desamparado e sem rumo para sua vida, vê-se ao lado de companheiros que o abraçam fraternalmente, fazendo com que vislumbre caminhos antes não percebidos.

Como bem adverte a Mentora Joanna de Ângelis, o atendimento fraterno “Não se propõe a resolver os desafios nem as dificuldades, eliminar as doenças nem os sofrimentos, mas propor ao cliente os meios hábeis para a própria recuperação.” E enfatiza: “O atendimento fraterno na Casa Espírita é de vital importância, para todo aquele que lhe busque ajuda, seja orientando com equilíbrio, guiando-o para o labor de auto-iluminação.4 (Grifamos.) Entendemos, aí, que a Casa Espírita deve oferecer os meios de forma prática a quem dele busca o socorro e guiá-lo na sua empreitada de reforma interior. (Grifamos.)

Assim como a assistência aos desencarnados na reunião de desobsessão não cessa após o diálogo com o esclarecedor, entendemos que o atendimento fraterno também não. Corrigir as mazelas da alma implica em nossa reeducação, exige-nos reforma interior, que demanda esforço, disciplina, dedicação e, acima de tudo, apoio de alguém que, além de nos dizer “levanta-te”, estende-nos, também, a mão. Domar paixões inferiores, não alimentar ódio, inveja, ciúme e orgulho; não se deixar dominar pelo egoísmo e passar a nutrir bons sentimentos e começar a praticar a caridade não são tarefas fáceis de serem implementadas por alma ainda incipiente na prática das leis morais. Ela sempre vai necessitar das diretrizes de um programa de reforma, acompanhada por alguém que lhe inspire confiança e possa levantá-la nos momentos das quedas. Propor ao cliente os meios hábeis para a própria recuperação [...] guiando-o para o labor da auto-iluminação significa, para nós, outorgar ao atendido um programa em que, durante um certo período tenha ele o disciplinamento, o apoio moral e a solidariedade fraterna de alguém na instituição, tal ocorre no plano invisível, para ajudá-lo nos primeiros passos do recomeço.

Waldehir Bezerra de Almeida - Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo.


1 XAVIER, Francisco Cândido/VIEIRA, Waldo. Desobsessão. Pelo Espírito André Luiz. 6. ed. Rio de Janeiro-RJ: FEB, cap. 18, p. 77.
2 VITOR, Efigênio S. Visão espiritual de um centro espírita. In Educandário de Luz. Autores diversos, 2. ed. São Paulo-SP: Ideal, cap. 34, p. 80.
3 XAVIER, Francisco Cândido/VIEIRA,Waldo. Estude e Viva. Pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz. Rio de Janeiro-RJ: FEB, lição 39.
4 FRANCO, Divaldo Pereira. Terapia do amor. Mensagem ditada pelo Espírito Joanna de Angelis. In AZEVEDO, Geraldo de, e outros. Atendimento fraterno. 4. ed., Salvador-BA: LEAL, p. 16, 17-18.

   

O Dirigente Espírita

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Entre tantos momentos marcantes do filme Nosso Lar, um que nos chamou a atenção foi aquele em que André Luiz insiste com Emmanuel para voltar à Terra e visitar sua família. O referido mentor o aconselha a consultar o Governador. Surpreso, André pergunta: 
- Mas será que ele vai me receber? E Emmanuel lhe responde:
- Aqui os dirigentes dão exemplos.

Em toda organização onde várias pessoas atuam em busca de um mesmo objetivo, necessária se faz a escolha de um dirigente. Vemos, nos registros doutrinários, que em toda atividade há uma pessoa que cumpre esse papel. Para exemplificar: em Nosso Lar, André Luiz relata as atividades do Ministro Clarêncio; Emmanuel, em Paulo e Estevão descreve a atuação de Pedro na Casa do Caminho. Mais do que dirigentes ou coordenadores, estas pessoas são líderes que conseguem mobilizar um grupo ao desempenho de suas atividades.

O Psicólogo e Educador Cezar Braga Said, em Reformador de junho de 1996, no artigo Espiritismo e poder, afirma que “No atual estágio que atravessa o nosso planeta, onde quer que existam seres humanos convivendo, haverá uma relação de poder, uma escala hierárquica, acatada de comum acordo ou imposta segundo os valores e tradição da cultura, do lugar e da instituição a que se pertença.” A este respeito, o pensador Rollo May, na obra Poder e Inocência, enumera a existência de diversas modalidades de poder, estando entre eles: o Explorador, o  Manipulador,  o Competitivo o  Nutriente etc. Mas um deles nos interessa de perto: Poder Integrativo, o poder com o outro, oriundo da comunhão, da convivência pautada em princípios de igualdade e fraternidade, sendo cooperativo por excelência. Sem dúvida é essa modalidade de poder que deve ser implantada na instituição espírita, pois, de acordo a Codificação Kardequiana, a única sujeição que deve existir é a de natureza intelecto-moral. As qualidades de caráter de alguém e sua conduta dentro e fora da Instituição são os indicadores a serem considerados na hora de aquiescer a certas propostas, empreendimentos e decisões que sejam tomados ou sugeridos por este ou aquele companheiro do grupo em questão.

A responsabilidade precípua de quem dirige um grupo de pessoas imbuídas de um mesmo desejo é a de planejar como todos devem consumir o seu dia-a-dia, que é uma atitude humana, essencial à vida de relação. Planejar, no entanto, não é unicamente diagnosticar problemas e necessidades; significa conhecer a realidade existente e definir aquela desejada. Mas é bom lembrar que de nada adianta sabermos onde estamos se não sabemos para onde vamos. É possível que a realidade desejada possa ser construída a partir daquela existente, valorizando, aperfeiçoando o que deu certo e retificando aquilo que necessita de mudanças.

A maior e mais significativa virtude do planejador é sua capacidade de ouvir. Ele deve ser, portanto, detentor da ouvirtude, com disposição para colocar os interesses coletivos acima dos individuais, permitindo que os postulados espíritas estejam norteando todo esse processo.

Em se tratando de obra espírita, convém não esquecer a real necessidade de ser inserida no universo maior que é o Movimento Espírita Nacional, lembrando as lapidares palavras do Venerando Bezerra de Menezes: “Solidários, seremos união. Separados uns dos outros, seremos pontos de vista. Juntos alcançaremos a realização de nossos propósitos. Distanciados entre nós, continuaremos à procura do trabalho com que já nos encontramos honrados pela Divina Providência.

Sem a intenção de ensinar o que ainda estou aprendendo, o dirigente espírita deverá perseguir estas balizas: ser democrático sem ser permissivo; ser sincero sem ferir os sentimentos alheios; falar para as pessoas e não das pessoas; conviver com as diferenças; não pensar apenas na boa execução da própria tarefa, mas, colaborar para que os companheiros tenham êxito e satisfação no que fazem; aprender a aceitar críticas; reconhecer o valor das tarefas dos companheiros, e aceitar a colaboração e direção alheias sem se sentir diminuído.

Jesus, como o Grande Líder da Humanidade, quando ensinou aos seus apóstolos que, entre eles, quem quisesse ser o maior que se tornasse servo dos demais, estava dando uma profunda lição de liderança (Mt 20:20-28). Portando, o dirigente espírita que se pautar neste ensinamento conseguirá conduzir seus companheiros de trabalho pela força da influência, da autoridade moral e não pelos privilégios que o cargo lhe outorga.

Aos irmãos que assumem a coordenação da instituição espírita ou de alguma de suas tarefas, nossas congratulações, nossas orações para que saiam vitoriosos, pois a tarefa não é simples, embora seja um bom desafio para se crescer um pouco mais espiritualmente.

Waldehir Bezerra de Almeida - Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo.

 

Romances de Emmanuel e o Nosso Tempo

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Diante da comemoração do centenário do nascimento de Chico Xavier, torna-se oportuno ressaltar a importância de parte de seu trabalho psicográfico. Dentre as várias obras por seu intermédio produzidas, optou-se por relembrar alguns aspectos relativos à adequação, às vivências em curso no nosso tempo, dos cinco romances ditados por Emmanuel entre 1938 e 1953. São eles: Há dois mil anos (1939), Cinqüenta anos depois (1940), Paulo e Estevão (1941), Renúncia (1944) e Ave, Cristo! (1953). 1

Acerca da atualidade desses livros, pondera-se que neles Emmanuel rememorou o passado não sob o ponto de vista parcial e limitado dos personagens por ele vividos em parte das histórias 2, mas sob perspectiva mais ampla, em função de seu amadurecimento espiritual alcançado até aquele momento. Nesse sentido, sob o olhar e a compreensão de um espírito postado no século XX, Emmanuel pôde destacar relações de causa e efeito, à época não vislumbrada pelos personagens presentes nas narrativas; pôde atribuir maior ou menor grau de importância aos fatos e aos acontecimentos vividos no pretérito e pôde, inclusive, reordená-los, sem deformar os conteúdos originais, de modo a melhor se adequarem ao contexto no qual essas obras seriam veiculadas. A dificuldade de realizar tal procedimento foi expressa pelo autor em 30 de dezembro de 1938, durante a psicografia de Há dois mil anos: “Tenho-me esforçado, quanto possível, para adaptar uma história tão antiga ao sabor das expressões do mundo moderno, mas, em relatando a verdade, somos levados a penetrar, antes de tudo, na essência das coisas, dos fatos e dos ensinamentos”. 3 Conseqüentemente, as experiências transitórias de Públio Lentulus (Há dois mil anos), Célia (Cinqüenta anos depois), Paulo de Tarso (Paulo e Estêvão), Alcíone (Renúncia), Irmão Corvino (Ave, Cristo!), entre outras, estimulam o leitor à reflexão sobre a necessidade do empenho pessoal na busca pelo autoburilamento, pelo resgate de débitos, pelo reajuste e pela evolução espiritual.

Destaca-se, desse modo, que os cinco romances em questão são adequados e direcionados às vivências em curso no nosso tempo. E essa relação se torna mais clara quando se procura entender o que estava em jogo, sob o ponto de vista espiritual, no momento em que o Autor Espiritual ditava as referidas histórias. Com esse fim, recorreu-se ao livro A caminho da Luz, psicografado entre 17 de agosto e 21 de setembro de 1938 – pouco tempo antes de Há dois mil anos, cuja psicografia seria iniciada em 24 de outubro do mesmo ano –, no qual Emmanuel revelou ser esperado, para o século XX, o início de uma fase de transição, em termos espirituais, da Terra: “Aproxima-se o momento em que se efetuará a aferição de todos os valores terrestres para o ressurgimento das energias criadoras de um mundo novo [...]”. 4

Com base em algumas de suas explicações apresentadas ao longo do mesmo texto, é possível inferir do que se trata esse “ressurgimento” de “energias criadoras” de um mundo novo.

Segundo o Autor Espiritual, consta que há uma “comunidade de Espíritos puros”, eleitos por Deus, responsáveis pela condução dos rumos de todos os tipos de vida contidas nos diferentes planetas situados no Sistema Solar. Essa comunidade, da qual Jesus é um dos membros, teria se reunido, para discutir os rumos da Terra, somente por duas vezes ao longo dos milênios conhecidos: a primeira, logo no início da formação de nosso planeta, para delinear as condições materiais iniciais para o surgimento da vida, e a segunda, às vésperas do nascimento de Jesus, para definir o meio pelo qual as lições do Evangelho seriam comunicadas à Humanidade. 5

Nessa época, a Humanidade teve a sua maioridade espiritual proclamada pelo desenvolvimento da sabedoria dos gregos, na esfera da filosofia, e, seqüencialmente, pelo advento das organizações romanas, nos campos da família e do direito. Como desdobramento, era esperado que Império Romano, em meio à sua vocação expansionista, pudesse unir os mais diferentes povos por meio da educação e da concórdia. Havia também a expectativa da assimilação e da difusão da então recém-chegada mensagem do Evangelho trazida por Jesus, que unificaria o mundo pelos laços da fraternidade e do amor. 6

No processo de realização de sua missão unificadora, o Império Romano acabou se expandindo não por meio da educação e da concórdia, mas pelo recurso à força impositiva e conquistadora de cunho militarista, promovendo, conseqüentemente, o ressentimento e a discórdia entre os homens – consta que boa parte desses desvios somente encontraria o seu reajustamento no transcorrer do século XX. Decorridos aproximadamente 300 anos da chegada da mensagem do Evangelho, suas lições e seus princípios começaram a ser modificados e desvirtuados de modo a se adaptarem às conveniências dos poderes políticos do mundo. 7

Desde então, e de maneira mais intensa nos últimos séculos, a Humanidade se desenvolveu mais no campo material do que no espiritual. A despeito disso, para Emmanuel alguns frutos desse desenvolvimento como o “avião” e a “radiotelefonia”, que à época em que ele escreveu começavam a ligar de maneira mais intensa os continentes e os países, contribuem positivamente para o estabelecimento do princípio da solidariedade entre os seres humanos. Complementarmente, revelou Emmanuel que se aproxima o momento da realização de uma terceira reunião da “comunidade de Espíritos puros” para discutir e para deliberar os rumos da Terra. Com base nessa informação, sugere-se estar vinculado à idéia da realização dessa terceira reunião da “comunidade de Espíritos puros” o “ressurgimento” de “energias criadoras” de um mundo novo aludido pelo autor no início de A caminho da Luz. 8

Sobre a questão, pode-se complementar que, atualmente, a chamada “globalização” – pautada pela expansão do fluxo de informações, pela aceleração das transações econômicas e pela crescente difusão de valores políticos e morais em uma escala sem precedentes 9 –, enseja um ambiente propício para se tentar estabelecer algo que foi tentado pela espiritualidade à época do Império Romano, ou seja, a união fraterna entre os povos conforme as lições e as exemplificações do Evangelho. Nesse sentido, pondera-se que os conteúdos, as lições e os exemplos contidos nos romances de Emmanuel estão articulados a um período de transição espiritual do planeta que prepara a chegada de uma “nova era”, sendo eles, portanto, apesar de terem sido psicografados entre 1938 e 1953, destinados às pessoas cujas vivências se encontram em curso no nosso tempo – tanto no Brasil quanto no mundo. 10

Flávio Rey de Carvalho


* Artigo originalmente publicado no Reformador: Revista de Espiritismo Cristão, Rio de Janeiro, FEB, agosto de 2010, n. 2177, p. 18(312)-20(314).
1 EMMANUEL. Há dois mil anos. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 1. ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2002, 432p.; ______. Cinqüenta anos depois. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 1. ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2002, 336p.; ______. Paulo e Estêvão. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 1. ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2002, 600p.; ______. Renúncia. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 1. ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2002, 456p.; ______. Ave, Cristo!. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 1. ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2002, 384p.
2 Emmanuel não aparece como personagem somente no romance Paulo e Estêvão. Sabe-se, contudo, que, durante a sua encarnação como o senador romano Públio Lentulus – de Há dois mil anos –, houve breve encontro fortuito entre ele e Paulo de Tarso próximo à Porta Ápia, por volta do ano 58 d.C. Cf. EMMANUEL e o Apóstolo Paulo: uma mensagem inédita. In: TAVARES, Clovis. Amor e sabedoria de Emmanuel. São Paulo: Calvário, 1970, p. 21-23.
3EMMANUEL, Há dois..., op. cit., p. 8.
4 Id. A caminho da Luz. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 37. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008, p. 13, grifo nosso.
5 Ibid., p. 19-20.
6 Ibid., p. 123-143.
7 Ibid., p. 157, 255-256.
8 Ibid., p. 254, 256-257.
9 BARBOSA, Alexandre Freitas de. O mundo globalizado: política, sociedade e economia. 4. ed. São Paulo: Contexto, 2008, p. 12-13.
10 Segundo Emmanuel, é destino da América receber o cetro da civilização e da cultura, na orientação dos povos vindouros. Em meio a esse fim, o Brasil será o local onde aflorarão os valores sentimentais e espirituais, pautados pelo Evangelho, destinados à condução da Humanidade no futuro. Cf. EMMANUEL, op. cit., p. 207, 252.

   
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